
Nunca foi tão fácil “comprar gato por lebre”.
“Óleo composto”, “produto cremoso sabor requeijão”, “mistura láctea condensada”... A lista de produtos similares que ocupam as prateleiras é longa, com ingredientes de menor qualidade e uma defesa em letras miúdas em rótulos feitos para induzir ao erro.
Essa “tendência” de produtos similares ganha força com a inflação e o aumento dos preços dos alimentos, como opções mais baratas para produtos do dia a dia. E a diferença, muitas vezes, só é notada em casa, no momento do consumo, no sabor diferente, na textura ou na receita que não virou.
⭕A última novidade é o “café fake”. A comunicação é a mesma: as cores das embalagens, uma xícara fumegante do que parece café e a palavra “tradicional” em letras chamativas e atraentes. Quem presta mais atenção pode notar o adicional “pó para preparo de bebida sabor café”. Mas é no preço que fica a principal diferença: o fake pode custar menos da metade do valor de seu original.
A explicação é simples: a bebida é tudo, menos café. Enquanto o valor do grão dispara, com alta de 39,6%, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alternativa dos fabricantes é aproveitar o subproduto da produção cafeeira.
Celírio Inácio da Silva, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), explica a produção do novo produto: "O café é um monoproduto extraído do grão do café. Junto a esse grão, depois de secado e beneficiado, sobram casca, mucilagem (camada viscosa do grão), pau, pedra, palha e tudo o que vem junto com o café – mas não é café."
⭕Em outras palavras, o café fake é uma mistura de café com impurezas que, segundo a Abic, não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser comercializada.
Ainda, segundo a legislação, os rótulos deveriam esclarecer a diferença, deixando evidente que o produto comercializado é apenas um similar, mas isso raramente acontece. Resta ao consumidor redobrar a atenção no momento das compras para saber exatamente o que está levando para casa.